quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Olha o juíz aí, gente...


"Pois, da mesma forma como o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.
E deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem. "Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados."
João 5: 26-29

Deus deu autoridade a Jesus para nos julgar, pois Ele é o Único Homem Perfeito, que passou pelas mesmas tentações que todos ser humano passa e suportou sem nunca pecar. Obedeceu ao Pai em tudo, pois Ele estava no Pai e o Pai n'Ele.

Nós, as vezes, queremos nos colocar na posição de Juízes, porém não cabe a nós julgar. Isso me fez lembrar de mais um trecho do livro A Cabana :
(...) Mack entra numa gruta da cachoeira, onde lá encontra Sohia - A Sabedoria de Deus - numa sala. Ele senta numa cadeira de madeira muito Grande...
Subiu com dificuldade na cadeira e sentiu-se infantil, os pés mal tocando o chão.
— Mackenzie. - Ela permaneceu de pé atrás da cadeira. — Antes comecei a dizer por que você está aqui hoje. Não somente por causa dos seus filhos. Está aqui para o julgamento.
Enquanto a palavra ecoava na câmara, o pânico subiu por dentro de Mack como um maremoto e lentamente ele se deixou afundar na cadeira.
- Disse. Mas você não está em julgamento.
Mack respirou fundo, aliviado com as palavras.
— Você será o juiz.
O nó no estômago retornou quando ele percebeu o que ela dissera. Por fim baixou os olhos para a cadeira que o esperava.
— O quê? Eu? - Fez uma pausa. — Não tenho nenhuma capacidade de julgar.
— Ah, não é verdade - foi à resposta rápida, agora tingida por um leve sarcasmo. — Você já se mostrou bastante capaz, mesmo no pouco tempo que passamos juntos. E, além disso, já julgou muitas pessoas durante a vida.
Julgou os atos e até mesmo as motivações dos outros, como se soubesse quais eram. Julgou a cor da pele, a linguagem corporal e o odor pessoal. Julgou histórias e relacionamentos. Até julgou o valor da vida de uma pessoa segundo seu conceito de beleza. Em todos os sen-tidos, você é bastante treinado nessa atividade.
Mack sentiu a vergonha avermelhando seu rosto. Tinha de admitir que já fizera um bocado de julgamentos. Mas não era diferente de mais ninguém, era? Quem não julga impulsivamente as ações e intenções dos outros? Ao levantar os olhos, viu-a espiando-o com atenção e rapidamente voltou a olhar para baixo.
— Diga - pediu ela -, se é que posso perguntar: qual é o critério pelo qual você baseia seus julgamentos?
— Nada que pareça fazer muito sentido neste momento - admitiu finalmente, com a voz embargada. — Confesso que quando fiz aqueles julgamentos eu me sentia bastante justificado, mas agora...
— Então quem devo julgar?
— Deus - ela fez uma pausa — e a raça humana. - Disse como se isso não tivesse importância especial. As palavras simplesmente rolaram de sua língua, como se fosse um acontecimento cotidiano.
Mack ficou aparvalhado.
— Você só pode estar brincando! - exclamou.
— Por que não? Sem dúvida há muitas pessoas no seu mundo que você acha que merecem julgamento. Deve haver pelo menos alguma culpadas por boa parte da dor e do sofrimento, não é? Que tal os gananciosos que exploram os pobres do mundo? Que tal os que promovem as guerras? Que tal os homens que agridem as mulheres, Mackenzie? Que tal os pais que batem nos filhos sem qualquer motivo além de aplacar seu próprio sofrimento? Eles não merecem julgamento, Mackenzie?
Mack percebia a profundidade de sua raiva não resolvida subir com um jorro de fúria.
Seu estômago deu um nó enquanto ele fechava os punho; com a respiração curta e rápida.
— E que tal o homem que é um predador de menininhas inocentes? Que tal ele, Mackenzie? Esse homem é culpado? Ele deve ser julgado?
— Deve! - gritou Mack. — Deve ser mandado para o inferno!
— Ele é culpado da sua perda?
— É!
— E o pai dele, o homem que deformou o filho até que ele se trans-formasse num terror? E ele?
— É, ele também!
— Até onde devemos voltar, Mackenzie? Esse legado de deformação remonta até Adão. E ele? Mas por que pararmos aqui? E Deus? Deus começou essa coisa toda. Deus deve ser culpado?
Mack estava tonto. Não se sentia de modo algum um juiz, e sim um réu sendo julgado. A mulher não se aplacava.
— Não é aí que você está travado, Mackenzie? Não é isso que alimenta a Grande Tristeza? O fato de não poder confiar em Deus? Sem dúvida, um pai como você pode julgar o Pai!
Mack olhava para o chão, com uma avalanche de imagens empurrando seus sentimentos em todas as direções. Por fim falou, mais alto do que pretendia, e apontou o dedo diretamente para ela.
— Sim! A culpa é de Deus! - A acusação pairou no ar enquanto o martelo de juiz batia em seu coração.
— Então - disse ela em tom definitivo -, se você pode julgar Deus com tanta facilidade, certamente pode julgar o mundo. - Sua voz não expressava emoção. — Você deve escolher dois de seus filhos para passar à eternidade no novo Céu e na nova Terra de Deus, mas apenas dois.
— O quê? - explodiu ele, incrédulo.
— E você deve escolher três filhos para passar a eternidade no inferno.
Mack não podia acreditar no que estava ouvindo e começou a entrar em pânico.
— Mackenzie. - Agora a voz dela veio tão calma e maravilhosa quanto na primeira vez em que ele a havia escutado. — Só estou lhe pedindo para fazer uma coisa que você acredita que Deus faz. Ele conhece todas as pessoas já concebidas e muito mais profunda e claramente do que você jamais conhecerá seus filhos. Ele ama cada um segundo o que conhece do ser desse filho ou dessa filha. Você acredita que ele irá condenar a maioria a uma eternidade de tormento, para longe de Sua presença e o Seu amor. Não é verdade?
— Acho que sim. Simplesmente nunca pensei na coisa desse modo. - Ele tropeçava nas palavras, chocado. — Simplesmente achei que, de algum modo, Deus poderia fazer isso. Falar sobre o inferno era uma espécie de conversa abstrata e não sobre alguém de quem eu realmente - Mack hesitou - ... E não sobre alguém de quem eu realmente gostasse.
— Então você acha que Deus faz isso com facilidade, mas você não? Ande, Mackenzie. Quais de seus cinco filhos você condenará ao inferno? Katie é a que está em maior conflito com você agora. Ela o trata mal e lhe disse coisas dolorosas. Talvez ela seja a primeira escolha, a mais lógica. Que tal ela? Você é o juiz, Mackenzie, e deve escolher.
— Não quero ser juiz - disse ele, levantando-se. A mente de Mack disparava. Isso não podia ser real. Como Deus seria capaz de pedir que eu escolhesse entre os próprios filhos? Era absolutamente impossível condenar Katie ou qualquer um dos outros a uma eternidade no inferno simplesmente porque ela havia pecado contra ele. Mesmo que Katie, Josh, Jon ou Tyler cometessem algum crime hediondo, ele não faria isso. Não podia! Para ele, isso não tinha relação com o desempenho dos filhos. Tinha a ver com seu amor por eles.
— Não posso fazer isso - disse baixinho. (...)

Mack passou momentos de muita tensão, e como ele, nós também nos colocamos a julgar injustamente. Somos muito egoístas, nos preocupamos sempre somente com o que queremos, o que amamos, o que sentimos, o que precisamos...

A cadeira de Juíz é Grande porque não foi feia pro Homem, mas para um ser maior e superior: Deus!




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